Diversos estudos estão investigando a influência da pandemia na saúde mental dos pacientes da COVID-19, da população em geral e dos profissionais de saúde.

Durante quase dois anos, esses projetos analisaram dados de mais de 10.000 profissionais da saúde, cerca de 3.000 pacientes da COVID-19 e seus contatos e 4 mil pessoas como uma amostra da população em geral.

Os profissionais da área da saúde foram os mais afetados

Nas análises realizadas no período mais crítico da pandemia (entre 2020 e 2021), observou-se um aumento dos problemas de saúde mental em relação ao período pré-pandêmico, especialmente entre os profissionais de saúde.

Pessoas com problemas de saúde mental pré-existentes, aquelas hospitalizadas com COVID-19 e jovens trabalhadores da saúde estão entre os grupos mais afetados por este aumento.

Por isso, os pesquisadores enfatizam a importância de garantir o acesso aos serviços de saúde mental.

Após um ano do início da quarentena, o impacto da pandemia sobre a saúde mental dos trabalhadores da saúde ainda era alto. Além disso, identificaram-se fatores de risco para o surgimento e persistência de possíveis distúrbios mentais durante toda a pandemia: mudanças no trabalho e estresse ligados às relações interpessoais, à saúde pessoal e à saúde daqueles que são mais próximos, bem como dificuldades econômicas.

As pesquisas enfatizam a necessidade de monitorar a saúde mental dos profissionais de saúde e reduzir os riscos pessoais, ocupacionais e organizacionais, para os quais existem algumas intervenções eficazes em diferentes níveis, tanto individuais quanto organizacionais, em centros e instituições.

As consequências da COVID-19

Faz tempo que os projetos colocaram em cima da mesa algumas dessas conclusões, após analisar as consequências possíveis das primeiras ondas da pandemia.

Os efeitos na função sexual

A função sexual engloba os processos e respostas sexuais de desejo, excitação, orgasmo e satisfação com a relação sexual, assim como dor e ereção. Com base nesta definição e no entendimento sobre o que é libido para a vida da maioria das pessoas (ou seja, o quão importante é para muita gente o desejo sexual), vários estudos identificaram um declínio recente na avaliação da função sexual de homens e mulheres, em comparação com antes da pandemia.

Entretanto, não faltam pesquisas concluindo que, para uma proporção da população, a função sexual permaneceu a mesma ou até melhorou, embora se reconheça que esses casos são menos frequentes.

Estresse, depressão e ansiedade

Os artigos publicados no Journal of Psychiatry and Mental Health e no Depression & Anxiety, com dados de mais de 9 mil profissionais da saúde, mostraram que metade das pessoas pesquisadas foram avaliadas positivamente para um distúrbio mental. Inclusive, quase 15% sofreram de um distúrbio mental incapacitante, ou seja, com repercussões negativas em sua vida profissional e social. Os principais sintomas observados indicavam uma alta probabilidade de depressão, ansiedade, ataques de pânico, transtorno de estresse pós-traumático e, em menor grau, abuso de substâncias.

Outro artigo, publicado em junho de 2021 no Journal of Affective Disorders e realizado através de uma pesquisa com a população adulta durante o confinamento de 2020, concluiu que a falta de contato social aumentava a ansiedade e os sintomas depressivos. Da mesma forma, descobriu-se que as relações sociais (não tanto o modo e o tipo de vida individual) influenciaram esse aumento de problemas potenciais de saúde mental. Pessoas com um baixo nível de apoio social e um alto nível de desapego estavam em maior risco de depressão e distúrbios de ansiedade generalizada.

Por fim, um artigo publicado em dezembro passado no International Journal of Mental Health and Addiction observou um aumento no uso de substâncias, especialmente durante o confinamento, e chamou este aumento de um fator de risco para sintomas depressivos e distúrbios depressivos maiores. Além disso, sugeriu novamente que o apoio social pode ter um efeito moderador sobre o uso de substâncias e o risco de problemas de saúde mental.

O comportamento sexual pós-pandemia

Há uma grande variabilidade em como a pandemia e o distanciamento social têm influenciado os comportamentos sexuais das pessoas. Uma das descobertas mais consistentes é que aproximadamente 2/3 das pessoas passaram a fazer menos sexo que antes da pandemia; o outro terço ou passou a ter mais relações, ou não foram afetados.

Embora o sexo (a dois) tenha sofrido uma queda, a masturbação aumentou significativamente. Portanto, enquanto alguns sentiram uma queda no desejo sexual (e procuraram por uma alimentação que ajudasse nisso, com ingredientes como a maca peruana, o tribulus terrestris e seus benefícios, etc.), outros evitaram relações com outras pessoas, mas mantiveram a libido em alta mesmo assim.

Por outro lado, embora a pandemia tenha afetado nossa saúde mental e física, foi demonstrado que a intimidade mais ativa funcionou como um fator de proteção contra a ansiedade e a depressão.

Embora os resultados acima pareçam mais do que previsíveis, compreender as razões pelas quais eles ocorreram ainda é interessante. Os especialistas têm duas hipóteses principais: uma decorrente da teoria de gestão do terror (TMT) e outra relacionada ao modelo de controle duplo da resposta sexual.

Ernest Becker desenvolveu a TMT para entender por que os humanos se esforçam para aumentar sua autoestima como defesa contra a ansiedade relacionada à morte. Assim, eventos que ameaçam a vida desencadeariam uma quantidade significativa de estresse e ansiedade, levando a um forte desejo de intimidade e proximidade. Isso explica porque o desejo e os comportamentos sexuais aumentaram em alguns e diminuíram em outros.

O modelo de controle duplo, por outro lado, diferencia as pessoas que estão excitadas daquelas que se inibem na mesma situação. Assim, enquanto a pandemia impedia o desejo sexual e a excitação de alguns, para outros ela proporciona a fagulha necessária para aumentar a libido.

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